O PROPÓSITO DA VIDA É PERSEGUIR A FELICIDADE.
Afirmou Dalai Lama no livro A arte da felicidade escrito em parceria com o psiquiatra americano, Howard C. Cutler. Eu sempre concordei com essa afirmação, mas ela sempre foi um tanto atormentadora pra mim.
O motivo é: e se não a encontrarmos? E se não soubermos quando ela está presente. Como então vamos nos sentir plenamente realizados sem ter atingido o propósito da vida? Será que a felicidade existe?
É importante levar em consideração que cada pessoa pode ter seu próprio conceito do que seja a felicidade. Mas também existe, digamos, a definição universal do que esse sentimento quer dizer.
Segundo o dicionário Michaelis, por exemplo, felicidade é um “estado de espírito de quem se encontra alegre ou satisfeito; alegria, contentamento, fortúnio, júbilo”.
Já, segundo o livro de Dalai Lama, nossa felicidade “é determinada mais pelo estado mental do que por acontecimentos externos”.
E faz sentido se você refletir que não é difícil acharmos que se tivéssemos algo que não temos, ou que se ganhássemos tal quantia ou ainda se vivêssemos no meio da floresta ou naquela mansão de milhões de reais, seríamos mais felizes.
Esse assunto sempre me interessou muito e eu sempre fui uma das caçadoras da felicidade. É com essa reflexão que começou a minha jornada.
“A vida é uma viagem e se você se apaixona pela jornada, você estará apaixonado para sempre.” Peter Hagerty
Eu resolvi largar tudo e buscar a felicidade
Sou uma pessoa muito emocional e adepta de encontrar novas formas de viver a vida que não seja seguir os padrões tradicionais: nascer, estudar, casar, trabalhar, ter filhos, morrer.
Veja bem, não há nada de errado em viver assim, desde que isso te faça bem. O que não era o meu caso.
Mas tudo começou mesmo diante de um choque de realidade. Uma perda. O momento mais difícil da minha vida me fez, no final das contas, despertar para ela.
Até fevereiro de 2010 eu sempre tive vontade de mudar, largar tudo e buscar a minha felicidade. Mas parecia algo difícil, muito fora da realidade e mais indicado para roteiros de filmes água com açúcar.
Até que de um dia para o outro eu perdi meu pai. O meu segundo pilar e referência mais forte. Eu me vi completamente perdida. Sem saber o que era a vida e com uma terrível verdade estampada na minha cara: nossa mortalidade.
Até então, os anos iam passando, mas sempre tinha aquela sensação de que pode ficar para amanhã, que a felicidade podia esperar.
E então esse acontecimento veio para me mostrar que não. Eu não podia mais esperar para viver como queria porque talvez o amanhã não chegasse.
Foi uma fase difícil. Até que eu resolvi largar toda a estabilidade e fazer algo que sempre quis, mas deixava pra depois, um intercâmbio na Europa.
Peguei todo o dinheiro da minha rescisão do trabalho, fechei um curso de um ano e fui.
Fui com a expectativa que a felicidade estava me esperando, havia chegado enfim o momento de experimentar esse sentimento tão desejado.
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E depois de 2 anos, aqui está o que aprendi
Um mês vivendo fora e tudo parecia perfeito. O medo, a insegurança, a saudade tudo tinha ficado no Brasil, agora a vida era perfeita.
Mas eu estava errada. Assim como a maioria de nós.
No livro A arte da felicidade, Culter nos dá um ótimo exemplo para ilustrar o que aconteceu comigo nessa nova fase. Ele diz:
“Uma amiga minha havia abandonado o emprego de enfermeira, para ir trabalhar para dois amigos que estavam abrindo uma pequena empresa de atendimento de saúde.
A companhia teve um sucesso meteórico e em um ano e meio foi comprada por um grande conglomerado por um valor altíssimo.
Tendo participado da empresa desde o início, minha amiga saiu da venda cheia de opções de compra de ações — o suficiente para conseguir aposentar-se aos trinta e dois anos de idade.
Eu a vi há não muito tempo e perguntei se estava gostando de estar aposentada.
— Bem — disse ela — é ótimo poder viajar e fazer o que eu sempre quis fazer. Mas o estranho é que, depois que me recuperei da emoção de ganhar todo aquele dinheiro, as coisas mais ou menos voltaram ao normal. Quer dizer, tudo está diferente comprei uma casa nova e tudo o mais, mas em geral acho que não estou muito mais feliz do que era antes”.
Assim como a personagem do livro, depois de um tempo fora eu também me dei conta que minha felicidade estava retornando ao seu nível, digamos, normal. E comecei a ficar desesperada.
“fe·li·ci·da·de
Estado de espírito de quem se encontra alegre ou satisfeito; alegria, contentamento, fortúnio, júbilo”. Michaelis
Depois de ter largado um emprego, fazer terapia, ter a oportunidade de viver em dois ótimos países europeus, conhecer tantos lugares novos e viver “uma vida de sonho” foi então que eu descobri, finalmente, o segredo da tal felicidade.
Viver do seu jeito
Ela não tem e não deve ter, de forma alguma, relação com fatores externos. Mas sim como nos sentimos.
Como estamos satisfeitos com as nossas decisões e os caminhos que resolvemos seguir.
Nessa jornada, se tem algo que eu aprendi é sobre desapego. Pra mim, essa palavra tem muita influência se nos sentimos felizes ou não.
Porque desapegar é aproveitar as oportunidades que a vida lhe dá e não viver esperando o que você queria.
É saber que chegou a hora de mudar. Que se der errado tudo bem. Tudo é um aprendizado.
Não adianta fugir da infelicidade trocando de casa, país ou caminhando sem fazer barulho para que ela não descubra para qual lugar você foi.
Tudo é uma questão de perspectiva.
Vá atrás do que você sempre quis fazer. Esteja bem com as suas decisões, seja grato e para a sua surpresa, a felicidade será uma consequência, sem grande esforço.
Esse foi o meu aprendizado. Espero que ele possa, de alguma forma, inspirar você a achar também o seu caminho.
Até a próxima! ✈
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