A vingança é um prato que se come frio.
Se tem um ditado que resume perfeitamente o conde de Monte Cristo é esse. Publicado pela primeira vez em 1844, a obra de Alexandre Dumas conheceu um grande sucesso, tanto na França quanto em diversos países. Talvez você já tenha ouvido falar do autor, mas pelo seu outro clássico, Os Três Mosqueteiros.
O conde de Monte Cristo faz parte dos clássicos da literatura francesa, mais precisamente do movimento romantismo. Aliás, Dumas é visto como um dos principais responsáveis por popularizar o gênero na França.
Se você decidir ler a obra, esteja pronto para embarcar em uma longa jornada, cerca de 1880 páginas, dependendo da versão adquirida. Uma história extremamente rica em detalhes, intrigante, narrada em terceira pessoa.
Após terminar a leitura do Conde de Monte Cristo, eu decidi escrever esse texto sobre as principais lições e reflexões que, na minha opinião, a história aborda.
Aviso! Pode conter alguns spoilers.
Conde de Monte Cristo é baseado numa história real?
Dizem que o Conde de Monte Cristo é sim um romance inspirado em uma história real, a de Pierre Picaud. Ele seria, na verdade, um sapateiro, que morava na cidade de Nîmes, no sul da França, e teria sido acusado e preso injustamente durante o império de Napoleão.
Porém, segundo a Wikipedia, essa história não foi confirmada por falta de evidências da existência de Picaud.
O contexto histórico do Conde de Monte Cristo
Durante toda a história, estamos imersos em um dos grandes acontecimentos da França. Ou seja, quando o rei Louis XVIII começa seu reinado até o golpe de Napoleão Bonaparte. É essa França dividida, em que parte da população é a favor da monarquia, enquanto outros estão do lado de Bonaparte que se passa a trama.
Por curiosidade, o pai de Duma foi um general de Bonaparte. Inclusive, dizem que o escritor teve a ideia do romance devido ao contato frequente e íntimo com a família do imperador. Sendo que ele teria viajado à Itália com o filho de Jérôme, irmão de Napoleão.
Além disso, teria sido durante essa viagem que Duma visitou a ilha de Monte Cristo, na Itália, local que dá nome a sua obra.
“Na política, você não mata um homem: você remove um obstáculo, só isso” – O Conde de Monte Cristo.
O conde de Monte Cristo, breve resumo
Edmond Dantès é um jovem marinheiro, no retorno de uma viagem turbulenta, ele é preso, acusado de ser espião de Napoleão Bonaparte, a prova é uma carta que traz consigo.
Porém, ele foi, na verdade, vítima de um complô entre Danglars, seu “amigo” que invejava o rapaz e não queria que ele assumisse o posto de capitão do navio em que trabalhavam. De Fernand Mondego, primo de Mercédès, noiva de Dantes. E do juiz Villefort, filho do destinatário da carta e que, para preservar seu pai, decide manter Dantes preso mesmo sabendo de sua inocência.
Dantès se torna um dos prisioneiros do castelo d’If, uma prisão de segurança máxima em Marseille, no sul da França. É lá que ele conhece o abade Faria, seu vizinho de cela e uma figura essencial no desenvolvimento do marinheiro, já que é Faria que o ensina diversas artes, línguas e ciências.
Além de compartilhar com Dantès o local secreto de onde estaria um tesouro. Após 14 anos de prisão, o marinheiro consegue finalmente escapar e recupera a fortuna deixada por seu amigo.
Ele, então, passa os anos seguintes criando um verdadeiro plano de vingança, se passando por outras pessoas e se tornando o Conde de Monte Cristo para ter acesso à sociedade parisiense, em que estão inseridos os responsáveis por sua prisão de anos atrás.
Reflexões e aprendizados do Conde de Monte Cristo
Após terminar a obra, os principais aprendizados e reflexões que ela me trouxe foram as seguintes:
1) A vingança
O tema central da obra de Duma é a vingança. Durante todas as páginas da história de Monte Cristo, acompanhamos como Dantès desenvolveu, durante anos, o plano de vingança perfeito.
Aliás, observamos no final do livro ele se posicionar quase como uma criatura superior, dizendo ter sido Deus que o permitiu fazer “justiça”. Dessa forma, ele justifica todo o mal causado por sua vingança, se ausentando da responsabilidade.
Nessa hora podemos ter a seguinte reflexão: a vingança vale mesmo a pena? E mais, os atos e o sofrimento causados são justificáveis? Afinal, para conseguir sua vingança, o Conde destrói a vida de pessoas que não estiveram diretamente envolvidas no complô que o levou preso quando era jovem.
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2) O tempo perdido
É indiscutível que Dantès sofreu muito e perdeu anos de sua vida injustamente. Porém, mesmo após estar livre e milionário, seu principal desejo era vingança. Com isso, ele perde grande parte da sua vida focado em destruir os responsáveis pela injustiça feita no passado e deixa de reconstruir sua própria vida.
Um exemplo claro é sua relação com Haydée, a jovem grega que o acompanhava durante anos. Mas cego pela vingança, ele só conseguiu perceber os sentimentos amorosos que ela tinha por ele no final, após anos que poderiam ter sido aproveitados em outra coisa.
Isso nos faz pensar: quanto tempo nós também perdermos focados em algo que, talvez, já não faça mais sentido?
3) O conhecimento transforma
Edmond Dantès jamais teria conseguido realizar e conquistar tudo o que fez sem os conhecimentos e ensinamentos que lhe foram transmitidos pelo abade Faria nos anos em que esteve na prisão.
Ele só se tornou o Conde de Monte Cristo graças a todo esse conhecimento. Esse foi o grande ponto de virada na vida do marinheiro. Nesse sentido, entendemos como o conhecimento, de qualquer gênero, pode ser nossa principal arma de transformação e pode nos levar onde queremos.
“É preciso ter azar para cavar algumas minas misteriosas escondidas na inteligência humana” – O Conde de Monte Cristo.
4) O amor se transforma
No início da história do Conde de Monte Cristo, nos deparamos com um Dantès extremamente apaixonado pela Mercédès. Ele faz juras, eles estão noivos e tudo que parece lhe importar é sua amada.
Aliás, mesmo após ser preso, ele não deixa de pensar nela, de nutrir a esperança que ela o esperaria por todos esses anos. É claro que para ele é um choque descobrir que, no fim, ela se casou com um dos responsáveis pelo complô que o deixou preso por 14 anos.
Porém, vale lembrar que ela não sabia disso. E o que vemos é que, mesmo quando ela se torna viúva e, poderia, assim, retomar o romance impedido de se realizar anos atrás com o Conde, isso não acontece.
Mesmo que haja um carinho entre os dois, não existe mais o amor e o desejo de estar juntos. Nesse sentido, vemos como o tempo pode nos trazer e levar paixões. E, mesmo alguém que amamos tanto hoje, pode não fazer mais sentido se o reencontrarmos anos depois. Como bem dizem, nada é eterno.
Essa reflexão é especialmente interessante para aqueles amores mal resolvidos da nossa adolescência, em que imaginamos e sonhamos como seria perfeita nossa vida ao lado daquela pessoa.
Porém, vemos que mesmo que no futuro exista essa oportunidade, muito provavelmente, vocês dois se tornaram pessoas diferentes. O tempo passa, o amor se transforma.
5) Amizades e traição
Sem dúvidas, amizades e traição são também dois temas centrais do Conde de Monte Cristo. Vemos de um lado Dantès, um rapaz honesto e simpático com todos.
Já do outro, Danglars que se passava por amigo. Mas que, no fundo, morria de inveja de Edmond e foi o principal responsável pelo complô. Além de Caderousse, que conhecia o pai do marinheiro e, mesmo se dando conta da conspiração feita contra Dantès, por medo de se prejudicar, acaba se calando.
Ao mesmo tempo, Duma também relata belas amizades, começando pelo abade Faria e Dantès, que passaram todos os anos na prisão como bons amigos. Outro ainda é o amor e admiração do marinheiro por seu antigo chefe Morrel, quem ele salva a vida de forma anônima.
Percebemos, então, que existem sim amizades sinceras. Mas é preciso saber identificar e escolher em quem confiar.
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Adaptação para o cinema
Algumas adaptações do romance foram feitas para o cinema. Mas a do diretor Robert Vernay, de 1954, costuma ser considerada a melhor. Existe ainda uma versão mais recente, de 2002, dirigida por Kevin Reynolds.
A leitura do Conde de Monte Cristo, um clássico da literatura francesa, é uma verdadeira viagem no tempo. Além disso, o romance é cheio de altos e baixos. Por isso, se você gosta de histórias com personagens que “dão a volta por cima”, sem dúvidas, vai gostar da obra de Dumas.
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Como você viu, nesse texto, o meu objetivo foi citar as principais lições e reflexões que a obra me trouxe durante a leitura. E você, já leu O Conde de Monte Cristo? Conte nos comentários sua opinião!
Ah! E se você é interessado pela França, tem vários outros artigos sobre o país, onde eu moro hoje e me segue nos Instagram (@lihlfreitas) para um contato mais próximo.
Até a próxima! ✨