Você se aceita? Faz tempo que tenho refletido sobre autoaceitação. Quando nos perguntam algo assim, a tendência é dizermos sim. Mas, se pararmos para refletir, será que realmente nos aceitamos, tanto nossos aspectos positivos e negativos?
Quando estamos, por exemplo, diante de uma separação, conseguimos entender que cometamos erros e que aquela relação terminou, mas que isso não significa que somos fracassados?
Para mim, o mais difícil talvez seja a autoaceitação do meu corpo. Desde quando eu era pequena não tinha o corpo igual ao das outras meninas e eu me lembro de sempre me sentir inferior por isso.
Nesse texto, quero juntos refletir um pouco sobre autoaceitação e a nossa sociedade. Mas, antes de continuar, é importante deixar claro que eu não sou psicóloga e as informações desse texto são baseadas na minha própria experiência e na leitura de artigos. Sendo que o link para todos eles estarão no final desse post.
O que é autoaceitação?
Muitas vezes, pensamos que autoaceitação e autoestima são a mesma coisa. Porém, não são. Enquanto a autoestima está mais relacionada ao fato de como nos sentimos em relação a nós mesmos, se entendemos nosso valor. Por outro lado, a autoaceitação está ligada ao fato de aceitarmos tanto nossas qualidades quanto os nossos defeitos.
Uma definição mais acadêmica de autoaceitação proposta por Morgado e outros em 2014, é a seguinte:
A autoaceitação pode ser definida como a capacidade de um indivíduo em aceitar suas características, sejam elas positivas ou negativas. Ela está relacionada com o fato de uma pessoa conseguir avaliar seus atributos eficientes e ineficientes, aceitando que eles são parte de sua personalidade.
Essa definição é importante porque na maioria do tempo, é muito fácil gostar e falar de nossos talentos, nossas qualidades. Porém, por uma questão até social, tendemos a esconder nossos defeitos, temos dificuldade de assumir os nossos piores aspectos.
Então, percebemos que a autoaceitação não é tão simples assim. Porém, ela é essencial porque só quando conseguimos encarar e aceitar quem realmente somos, inclusive nossos piores defeitos e aspectos, é que podemos começar uma verdadeira jornada de aperfeiçoamento.
Já que se autoaceitar não significa que então não podemos querer melhorar alguns pontos.
Além da personalidade, um pilar muito importante é a aceitação de nosso corpo. Qual é a nossa capacidade de amar e aceitar o nosso físico como ele é, podendo viver perfeitamente com ele mesmo que haja aspectos que não nos agrade?
Autoaceitação e saúde
Hoje em dia muito se fala em autoaceitação. E ela é extremamente importante para nossa saúde física e mental. Já que um baixo nível de autoaceitação aumenta nossos níveis de estresse, segundo o artigo “Uma maior autoaceitação melhora o bem-estar emocional, da Harvard Health.
Além disso, quando não nos aceitamos, vivemos em um constante estado de ansiedade, de infelicidade, seja com o nosso corpo, com as nossas realizações na vida ou com a quantidade enorme de pensamentos negativos sobre nós o tempo inteiro. E sabemos que ansiedade, estresse e pensamentos negativos não fazem nada bem para nossa saúde.
Existem várias razões para uma pessoa ter um baixo nível de autoaceitação. Porém, segundo o site da Harvard Health, uma teoria bastante aceita é que, como grande parte da nossa autoestima é construída com base na apreciação dos outros por nós, as crianças que tiveram pais menos empáticos tendem a desenvolver um nível de autoaceitação mais baixo. Sendo assim, na vida adulta, elas buscam a aprovação dos outros muito mais do que o normal.
Autoaceitação e sociedade
A autoaceitação é mais complicada do que parece e, o fato de vivermos em uma sociedade cheia de padrões que devem ser seguidos, não colabora em nada. Pense bem: crescemos com a ideia que pessoas bonitas são aquelas que se parecem aos modelos de passarela, nas capas da revista e propagandas. Além disso, sabemos que a beleza é bem associada a oportunidades e sucesso. E como se autoaceitar quando você não é como eles?
O aspecto corporal, como eu já disse, sem dúvidas sempre foi um dos que mais me incomodou durante toda a minha vida. Principalmente por não ter o peso que a maioria das outras meninas, que eu mesma julgava ser o “ideal”. Também já ouvi muita coisa, piadas e comentários negativos, além do sentimento de rejeição pelos meninos que você gosta.
A mídia não nos ajuda nisso. Mesmo que hoje em dia isso esteja melhorando, esses dias ao assistir diferentes séries, me dei conta que nenhuma das protagonistas são meninas ou mulheres acima do peso. Quando vemos alguém assim como protagonista, normalmente é para uma comédia, é para ser algo engraçado.
Se refletimos sobre questões psicológicas, percebemos que nossa sociedade sempre idealizou, por exemplo, o extrovertido como a personalidade ideal. Ela é a pessoa que gostamos de estar próximos, que vai receber a promoção no trabalho.
Quantas vezes não vemos pessoas “bem sucedidas” palestrando sobre sucesso, procrastinação e tantos outros assuntos. Elas nos dizem como devemos ser, o que faz os “vencedores”. E as pessoas que possuem personalidades diferentes se criticam e não se aceitam porque acreditam então que elas não nasceram “do jeito certo”.
Autoaceitação e redes sociais
As redes sociais e a facilidade de comparar nossas vidas com as dos outros é uma das melhores armadilhas para impedir nosso processo de autoaceitação.
Não é a toa que hoje alguns estudos já falam de uma possível associação entre o uso de redes sociais, como o Instagram, YouTube e Snapchat, ao aumento de pessoas dispostas a se submeterem a uma cirurgia plástica.
Nem sempre é fácil ver tantos padrões nas redes sociais, de aparência física, de estilo de vida, relações amorosas e tantos outros conteúdos e aceitarmos que não somos iguais aos outros. Na foto acima, em uma delas eu usei um aplicativo para me maquiar, reduzir a largura do meu rosto, já a segunda é como eu realmente estava no dia da foto. É claro que a primeira é o que mais vemos nas redes, porém ela não reflete a realidade, pelo menos não desse dia.
Contudo, ao vermos na maioria dos perfis populares no Instagram pessoas sempre maquiadas, arrumadas, bonitas, podemos pensar que elas são dessa forma naturalmente e a gente não. Ou, ainda, querer recorrer a procedimentos estéticos para sermos assim, nos padrões.
Como melhorar a autoaceitação?
Trabalhar nossa autoaceitação é um verdadeiro ato de carinho e cuidado que podemos ter conosco. Segundo o artigo da Harvard Health, três boas formas de melhorar nossa autoaceitação são:
1) Autoconhecimento
Trabalhar o autoconhecimento, pois ele permite identificar, gerir e até alterar nossas reações e impulsos diante de diferentes situações. Uma importante ferramenta seria praticar mindfulness, que nos permite estar presentes em cada momento, saindo da armadilha de pensamentos e trazendo nossa atenção para o agora.
Uma sugestão pessoal que tem me ajudado, é descobrir os traços dominantes da minha personalidade e como cada um deles impacta em minhas ações. Eles são bem úteis para entender nossos padrões que às vezes não sabemos porque agimos de uma forma negativa.
Para isso, um método validado é o Big Five personality traits, em português modelo de cinco fatores. Caso você queira fazer um teste gratuito, pode usar o site Truity, porém só está disponível em inglês. Ele não é o mesmo que passar com um psicólogo, mas nos ajuda a ter uma ideia de quais são nossos traços predominantes.
Outra opção gratuita e disponível em português é o site Big Five Test, o resultado gratuito é ainda maior do que o do site citado acima.
2) Autorregulamentação
Consiste em trabalhar para desenvolver uma relação positiva consigo mesmo. O objetivo é reduzir o ódio de si mesmo, ressignificando situações negativas e buscando ver as oportunidades que elas nos oferecem. Diante de um feedback negativo, podemos, por exemplo, tentar entender como ele pode nos ajudar.
3) Autotranscendência
O objetivo da autotranscendência é a expansão de si mesmo, reduzir a atenção de nossas necessidades focadas apenas em nós mesmos e tentar se conectar com um todo, com o mundo. Ajudar os outros é uma das formas recomendadas para trabalhar a autotrascendência, contribuindo com o seu trabalho, com a comunidade em que você vive ou com pessoas próximas a você.
Além disso, a meditação transcendental é mais uma ferramenta que pode melhorar esse aspecto e o bom é que ela ajuda a diminuir os níveis de cortisol em nosso corpo e também o estresse.
Se você quiser se aprofundar mais nesse assunto, os links dos artigos que utilizei para escrever esse texto estão logo abaixo.
Trabalhar a autoaceitação é um dos meus principais desafios hoje, sei que ela é essencial para nosso bem-estar, podendo entender e amar quem somos e melhorando os aspectos que forem possíveis. Mas, especialmente, aceitando aqueles que não forem. E você, se aceita por completo? Não se esqueça de deixar sua opinião nos comentários.
Até a próxima! ❤️
Fontes:
1 – Greater self-acceptance improves emotional well-being – Harvard Health
3 – What is Self-Acceptance? 25 Exercises + Definition and Quotes – Positive Psychology